quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Engenheiros do Hawaii


A formação do grupo ocorreu em 1984, dentro da  faculdade de Arquitetura de Porto Alegre, em virtude de apresentações que serviam como protesto à paralisação de aulas. O nome da banda  deu-se por conta de uma rixa existente entre Arquitetos x Engenheiros, satirizando os estudantes de Engenharia que usavam roupas de surfistas.



O primeiro show aconteceu em 1985, no mesmo dia (11/01/85) simultaneamente com a abertura do primeiro Rock in Rio. Depois de algumas apresentações em palcos alternativos da capital gaúcha conseguem gravar duas músicas na coletânea Rock Grande do Sul (1985), e umas delas faz um grande sucesso no sul, Sopa de Letrinhas. Devido ao grande sucesso a gravadora BMG decidiu arcar com o LP inaugural chamado de “Longe demais das capitais”.



Em 1987, lançam o disco “A Revolta dos Dândis”, destaque para as músicas Terra de Gigantes, Infinita Highway e Refrão de Bolero. A partir desde albúm começam as grandes apresentações do grupo, as quais lotavam estádios e ginásios pelo país. O trabalho seguinte recebe o nome de “Ouça o que Eu Digo: Não Ouça Ninguém”, de 1988,  neste disco temos o grande sucesso da banda Somos Quem Podemos Ser. Este vinil também marca a saída do grupo da cidade de Porto Alegre para o Rio de Janeiro.



O disco seguinte, em 1990, “O Papa é Pop” concretiza o sucesso dos Engenheiros com o carro-chefe Era Um Garoto Que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones, uma antiga regravação do grupo Os Incríveis e ainda conta com os hits Pra Ser Sincero, Perfeita Simetria entre outros. De 1990 até 2007, foram vários trabalhos lançados incluindo-se “Novos Horizontes-Acústico II”. A última turnê foi realizada em 2008 para o lançamento do Acústico MTV e os planos de retorno da banda acontecerão somente em 2010, quando os Engenheiros do Hawaii completarão 25 anos de carreira.







quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Seu Jorge

Jorge Mário da Silva nasceu em 1970, no Rio de Janeiro. Viveu uma infância tranquila. Foi borracheiro, office-boy, dentre outras profissões. Até que a morte de seu irmão provoca a desunião de sua família e Jorge fica sem teto para morar. Abriga-se, por três anos, no teatro da UERJ (Universidade do Rio de Janeiro), onde se apaixona definitivamente pela arte e pela música.



A situação começa a melhorar quando o clarinetista Paulo Moura convida o cantor para participar de um musical, primeiro dos 20 que viria a atuar e cantar. Em 1998, inspira-se na mistura de Chico Science, e cria a sua própria: um misto de samba, reggae, funk e rap, originando a banda Farofa Carioca.



Um ano depois, o cantor desliga-se da banda e parte para a carreira solo. Lança seu primeiro CD, “Samba Esporte Fino”, com os hits “Carolina” e “Te Queria”. Seu Jorge revolucionou a MPB com uma proposta inovadora, além de marcar presença no teatro e cinema. Um dos artistas mais versáteis e completos de sua geração.

Jorge Vercilo


Jorge Luis Sant’anna Vercilo, libriano, carioca, nascido em 11 de outubro de 1968, em Botafogo e criado na praia do Leme, começou na música por incentivo de sua tia Lêda Barbosa aos 17 anos, depois de “desviado” dos treinos de futebol no Flamengo, por uma fita cassete contendo músicas de Djavan.

Em 1989, ainda no início de sua carreira, defendeu o Brasil no Festival Internacional de Trovadores, Itrofesticur, em Curaçau, no Caribe. Alcançou o primeiro lugar com a canção “Alegre”, de sua autoria, recebendo também o prêmio de melhor intérprete. Este reconhecimento, em nível internacional, como compositor e cantor, demonstrou claramente que o seu destino estava traçado e a música brasileira ganhava um novo e promissor representante.

Em 1993 gravou o primeiro CD “Encontro das Águas”, lançado pela gravadora Continental em 1994. Este disco é um retrato das tendências que o influenciaram inicialmente. Com um trabalho acústico voltado para os sons nacionais, promove um verdadeiro “Encontro das Águas”, apresentando vários ritmos, tais como Samba, Afoxé e até mesmo a Salsa. Um trabalho imperdível para quem curte MPB e acompanha sua talentosa carreira. No disco estão músicas que foram tema em novelas, tais como “Encontro das Águas” em “Mulheres de Areia” e “Praia Nua” em “Tropicaliente”.

Em 1996 gravou o segundo CD “Em tudo que é Belo”, também pela Continental. Nele apresentam-se composições sintonizadas com a moderna MPB, trazendo ritmos como o Charme e fusões com a música oriental, bem como incursões no Reggae (em “Fácil de Entender”). É um trabalho eclético que bem caracteriza as tendências atuais, no entanto, sem perder nunca o compromisso com a Qualidade. Neste disco também são encontradas músicas que foram temas de novelas como “Raios da manhã” em “O Fim do Mundo” e “Infinito Amor ” em “A Indomada”.



Em 1997, Jorge foi indicado para o prêmio “Sharp” como melhor cantor pop e foi apontado por Mariozinho Rocha, diretor musical da TV Globo, e Nelson Motta, produtor de renome internacional, como um dos mais promissores talentos da nova geração da Música Popular Brasileira. Jorge Vercilo ainda marcou presença com a música “Amanheceu” no Festival da Música Brasileira, promovido pela Rede Globo em 2000, se
destacando como um dos grandes nomes da nova MPB.

Ainda em 2000, Jorge Vercilo realizou o antigo sonho de gravar um dueto com o ídolo Djavan. Os dois cantam juntos em “Final feliz”, música de trabalho do CD “Leve”, lançado numa produção independente, após seu desligamento da gravadora Continental.

O CD “Leve” foi sucesso nacional. Pela primeira vez em sua carreira, o CD trazia canções de outros autores como “Apesar de Cigano” (Altay Veloso e Aladim), “Quando a noite chegar” (Paulo Façanha e Beto Paiva) e “Beatriz” (Edu Lobo e Chico Buarque). Outro grande sucesso foi a música “Avesso”, uma composição que aborda de maneira respeitosa um tema bastante polêmico que é a sexualidade humana.

Em 2001, assinou com a EMI Music que lançou o single “Final Feliz” com as versões solo, black mix e final ferraz black mix, além de relançar o álbum “Leve”. “Final Feliz” fez sucesso também na voz de Alexandre Pires e a galera do Só Pra Contrariar, no CD ao vivo com a participação especial de Caetano Veloso, nesta música.

Em 2002, lança “Elo”, seu quarto álbum, grande marco na sua carreira, o álbum foi destaque e o primeiro single “Que Nem Maré” conseguiu ficar semanas em primeiro lugar nas paradas, alavancando as vendas do álbum e promovendo as outras músicas, como o single seguinte “Homem-Aranha”.
Desse álbum foram também utilizadas “Fênix” (parceria com Flávio Venturini) para trilha sonora da série “A Casa das Sete Mulheres” e “O Reino das Águas Claras” que foi feita sob encomenda por Máriozinho Rocha para a nova versão do Sítio do Pica-Pau Amarelo.

Jorge Vercilo participou da gravação do álbum de Jorge Aragão, “Jorge Aragão Convida - Ao Vivo”, cantando junto do poeta do samba sua composição “Encontro das Águas”. No ano de 2003 foi lançada a coletânea “Perfil”, trazendo alguns sucessos da carreira do cantor, além de versões remixes de alguns singles e a nova “Um Segredo e Um Amor” que só havia sido lançada na trilha da novela “Cara e Coroa”.

Em 2003, Jorge Vercilo lançou seu quinto álbum,”Livre”, em versões CD e DVD, e já teve um sucesso no seu lançamento, a música “Monalisa”.



Novas versões de suas músicas são gravadas para novelas e músicas inéditas gravadas por outros artistas, Nalanda - caloura do programa “Fama” da Rede Globo - gravou “Sensível Demais” para a novela “Chocolate com Pimenta”, Lulu Joppert com “Olha e Não me Olha” para a novela “Celebridade”, o grupo de pagode Adryanna e A Rapaziada com a música “Quando a gente briga” composta por Jorge Vercilo, a cantora Carla Cristina (ex-As Meninas) regravou “Contraste” do novo álbum do cantor e Angélica, no filme “Um Show de Verão” canta a inédita “Futuro Azul”, que foi composta em parceria com Maurício Mattar.

Em 2004, Jorge participou da gravação do hino “Fome Zero”, ao lado de outros grandes nomes da música popular brasileira. Participou também dos DVDs ao vivo de Ivan Lins e Pepeu Gomes. Neste mesmo ano, Jorge Vercilo adotou a escrita do seu nome original, com um “L” a mais em seu nome, e passa a ser grafado “Jorge Vercillo”.

Em 2005, Jorge Vercilo lançou seu sexto álbum, “Signo de Ar”, com duas músicas de trabalho simultaneamente nas rádios,”Ultra-Leve Amor” e “Ciclo”, que ainda fez parte da trilha sonora da novela “A Lua Me Disse”.

Em 2008, Jorge Vercillo gravou seu sétimo álbum, o mais recente, com o título de “Todos nós somos um”, trazendo um ar de união entre as pessoas. O álbum traz uma peformance mais brasileira, apesar de ter arranjos baianos, como em “Toda Espera” e Jazz, como em “Devaneio”, que faz parte da trilha sonora da novela “Negócio da China” da Tv Globo. Antes mesmo de “Devaneio”, Vercillo teve a canção “Ela une todas as coisas” lançada na trilha da novela “Duas Caras”.

Recentemente Jorge Vercillo gravou seu DVD ao Vivo no Canecão, Rio de Janeiro, com lançamento previsto para Março. No DVD, que se chamará “Trem da minha vida”, Vercillo contou com participações especias, como Fátima Guedes.
Editado por dilsondinho em Out 18

Jair Oliveira (Jairzinho)

A transformação pela qual passou o filho de Jair Rodrigues é invejável. Quem ainda traz na retina a imagem do astro mirim saltitando à frente do ‘Balão Mágico’, grande sucesso da Rede Globo de Televisão, vai tomar um baita susto ao se deparar com o grau de evolução musical atingido pelo simpático Jairzinho (agora assinando Jair Oliveira).



O começo da carreira foi cedo, aos 5 anos, em 1980, ao lado do pai, cantando a música Deus Salvador. O resultado foi bom e os dois gravaram Io e Te, em italiano, para o Festival de San Remo, e para um clipe exibido no Fantástico, da Globo. Nessa época, a gravadora CBS (hoje Sony Music) procurava mais uma criança para formar o Balão Mágico, com Toby, Mike e Simony. Sobre o caso envolvendo a antiga parceira (leia texto anexo), com quem não fala há anos, Jairzinho prefere não comentar. Cada um seguiu sua carreira. Não brigamos, apenas nos distanciamos como colegas de escola que não se vêem mais”, comenta.

Jairzinho compõe desde os 13 anos, começou a gostar das músicas que fazia aos 16, mas considera que sua evolução musical surgiu no período de 1993 a 1998, quando fez o curso de música popular de Berklee. Antes, ele ouvia Nelson Sargento, Nelson Cavaquinho, Noel Rosa, que seu pai sempre gravou. Depois, ouviu muito Djavan e João Bosco, atento às harmonias, melodias e arranjos dos dois compositores. Depois veio Gilberto Gil, pelas mesmas razões, e Tom Jobim.


Mas nada disso aparecia em seus cinco anos de Balão Mágico, nem quando fazia dupla com Simony em 1987 e nem com a Patrulha do Barulho. “Até sair do Brasil, só fazia projetos arregimentados pelos diretores das gravadoras. Só entrava em estúdio para cantar músicas que vinham prontas. Queria ter controle maior do trabalho, queria gravar coisas minhas, tocar em uma faixa. Isso me estimulou a sair do país”, conta.

Graduado pela faculdade de Música da Universidade de Berklee, de Boston, o garotão, hoje com seus 26 anos de idade, aproveitou a estada de cinco anos nos ‘states’ para apreender todas as manhas do seu instrumento predileto (um violão nada erudito), desenvolver-se em outros (como bateria e teclado) e também para virar um produtor musical de mão cheia.

Compositor, produtor e cantor, Jair Oliveira faz parte do projeto Artistas Reunidos (lançado pela Trama) e é autor de sucessos como “Voz no Ouvido” (que não só foi gravada como dá o título ao álbum de Pedro Mariano) e “É Isso Que Dá” (esta ao lado de Daniel Carlomagno e interpretada por Wilson Simoninha).

No disco de Pedro, também é autor de “Grande Amor” e co-autor de “Só Chamar” e “Tá Todo Mundo”. No Volume 2, de Simoninha, Jair reaparece em “Lua Clara” e no rap inserido em “Bebete Vãobora”. Assina ainda a autoria de sete músicas - além da produção do disco da irmã Luciana Mello.


Tendo como principais influências João Bosco, Djavan, Tom Jobim e (claro) o pai Jair Rodrigues, “Jairzinho” compõe desde criança e sempre se interessou pelo trabalho dentro do estúdio. Estudou durante cinco anos em Boston, EUA, na Berklee College of Music e desde então a composição e a produção de discos têm sido suas principais atividades dentro da música, que ainda inclui a verve de cantor e instrumentista.

Quando voltou ao Brasil em 98, fundou a produtora S. de Samba ao lado de outros sócios e daí em diante sua carreira como produtor deslanchou. Trabalhou no álbum de Vicente Barreto e na seqüência, produziu os dois volumes de Jair Rodrigues (ambos em parceria com Bernardo Vilhena), Luciana Mello, além de seu álbum solo, Dis´Ritmia. O incansável Jair ainda co-produziu o ao vivo Artistas Reunidos e Volume 2 (em parceria com Simoninha e Daniel Carlomagno) e novamente ao lado de Bernardo Vilhena também produziu o grupo feminino Classe.

Tanto contato com a música brasileira rendeu até a produção do disco MPB-4 e a Nova Música Brasileira, do lendário MPB-4, e deu impulso para começar a produzir seu segundo disco.


Jairzinho mudou de nome, chamou o disco de Outro, mas continua o mesmo. Talentoso compositor e arranjador, Jair prossegue o trabalho iniciado com o anterior Dis´ritmia, lapidando arestas e produzindo um material mais consistente. Este novo trabalho reúne praticamente a mesma fórmula usada no primeiro quanto às influências de jazz, samba, hip hop e MPB, que no disco são revistas por novos ângulos. Diga o que disser, este é um disco de samba. A tal “Música Global Brasileira” de Jair nada mais é que o bom e velho samba flertando com um R&B aqui, um funk ali, um soul acolá, e um romantismo deslavado mais adiante. Influenciado pelo hip hop, ele brinca com vinhetas, como a inicial “Instruções”, que conclui: “música não precisa de instruções”.

Mal acabou de finalizar este Outro, Jair de Oliveira já está produzindo os novos discos de sua irmã e de seu pai, aumentando ainda mais sua coleção de mais de 170 músicas compostas.

Legião Urbana


Aos 15 anos Renato teve Epifiolisis. Essa doença  fez com que ele ficasse um ano parado sem poder se mexer e mais um ano em uma cadeira de rodas. Neste mesmo período Renato obteve um excelente desenvolvimento intelectual através de suas leituras. Além disso, o artista evoluiu musicalmente com aulas de violão, algo que refletiu posteriormente em sua carreira.

As primeiras músicas compostas por Renato Russo foram "Que país é esse", "Tédio" e "Geração Coca-cola", consideradas por muitos músicas de postura repleta de atitude para aquela época e, como bons seguidores do Punk Rock, o Aborto Elétrico pregava o caos. As músicas criadas pela banda vieram para bater de frente com a ditadura que estava instalada no Brasil.



No dia do aniversário da morte de John Lennon a banda Aborto Elétrico estava prestes a tocar em um show, mas seu vocalista muito sentimental descobriu algo a respeito disso e some, quando ele retorna para fazer o show ele disse que estava meditando por Lennon. Ao iniciar o show  cantando a canção "Veraneio Vascaino", Renato erra a letra da música , o baterista nervoso acerta a baqueta na cabeça de Russo, e quando o baterista após o show foi se retratar com o vocalista, ele anúncia que o Aborto Elétrico tinha acabado. E com isso ele vira o conhecido trovador solitário.

Após a desintegração da banda Renato passou a abrir o show de uma banda que fazia sucesso em Brasília chamada Plebe. No início de sua carreira solo ele passou a ser vaiado, mas durante sua apresentação ele consenguia convencer aos que estavam ouvindo a escutarem suas músicas. Depois de um tempo ele viu a necessidade de ter uma banda e então surge  o Legião Urbana.



O repertório do Legião Urbana foi feito direcionado para um festival no qual a banda iria se apresentar, o tempo de duração da montagem dessa sequência de canções foi de um mês no quarto de Renato Russo, posteriormente tornando-se basicamente seu primeiro álbum. Quem abriu as portas para a banda foram os Paralamas do sucesso quando em uma de suas gravações do seu primeiro álbum tocaram a música "Química". Quando o produtor perguntou se essa música era  de Hebert, ele respondeu: essa música é de um amigo meu de brasília e ele é tudo o que eu gostaria de ser. Foi então que as gravadoras descobriram o Legião.



Quando a banda Legião tinha fechado o contrato com a gravadora, eles voltaram para buscar as suas coisas, no meio dessa correria Renato depois de uma depressão profunda, cortou os pulsos, e no processo de recuperação fez uma das músicas mais lindas de sua carreira "Índios". Esse foi um marco na carreira de Renato pois a partir daí ele deixou de tocar baixo para apenas cantar, com isso Renato Negreti tomou seu posto no baixo.

Capital Inicial


Capital inicial, igualmente ao Legião Urbana, surgiu da separaçao dos membros da banda Aborto Elétrico. A princípio, era uma banda com fortes influências punk, mas, nos últimos anos, segue mais a linha do rock inglês. No decorrer dos anos, houve modificações na formação da banda. Atualmente, é formada por Dinho Ouro Preto (vocal), Flávio Lemos (baixo), Fê Lemos (bateria) e Yves Passarel (guitarra).

O primeiro LP foi lançado em 1986, auto-intitulado. O álbum trouxe algumas heranças do Aborto Elétrico, como "Veraneio Vascaína”, “Música Urbana” e “Fátima”, e rendeu à banda o primeiro Disco de Ouro.



Após quatro discos, em 1991, o grupo deixa a Polygram e passa a gravar pela BMG, lançando o álbum “Eletricidade” já no mesmo ano. O disco traz a versão brasileira de “The Passenger”, uma música de Igg Pop, que com o Capital tornaria-se “O Passageiro”, single protagonizador do sucesso do disco junto de “Kamikaze” e “Todas as Noites”.

Um dos álbuns de maior importância para a carreira, levando a banda ao cenário nacional, foi o “Acústico MTV” lançado em 2000. O disco reviveu alguns dos antigos sucessos como “Leve Desespero”, “Fogo” e “Independência”. Dois anos depois, chega às lojas “Rosas e Vinho Tinto” que, com os singles “A Sua Maneira” e “Mais”, alavancou ainda mais o sucesso já conquistado.



Em 2005, lançam o “MTV Especial: Aborto Elétrico” homenageando a extinta banda precursora do Capital Inicial com os clássicos “Geração Coca-Cola” e “Que País é Este”. O álbum mais recente da banda é “Eu Nunca Disse Adeus”, lançado em 2007, trazendo um som diferente daquele que conquistou milhares de fãs pelo país. Alguns dos singles do disco foram a faixa-título e “A Vida é Minha”.

Ao todo, o Capital Inicial lançou quinze álbuns, sendo três ao vivo, e algumas compilações. Recebeu vários prêmios consagrando o talento para música. Recentemente, foi premiado com o prêmio de melhor grupo pela Multishow.

Vanessa da Mata


Vida infantil e inspiração musical

Vanessa da Mata nasceu em 10 de fevereiro de 1976, em Alto Garças, no Mato Grosso – uma pequena cidade a 400 quilômetros de Cuiabá, cercada de rios e cachoeiras. Possui descendência, através da avó materna, de índios Xavantes.

Ouviu de tudo na infância. De Luiz Gonzaga a Tom Jobim, de Milton Nascimento a Orlando Silva. Ouviu também ritmos regionais, como o carimbó, dos discos trazidos das viagens de um tio à Amazônia. Ouviu samba, música caipira e até música brega italiana, sons que chegavam pelas ondas da rádio AM.

Adolescência: momento de independência

Em 1990, aos 14 anos, Vanessa se mudou para Uberlândia, em Minas Gerais, cidade a mil e duzentos quilômetros de distância de Alto Garças. Foi para lá sozinha, morar em um pensionato: se preparava, então, para prestar vestibular em medicina. Mas já sabia o queria: cantar. Aos 15, começou a se apresentar em bares locais.

Em 1992, foi para São Paulo, onde começou a cantar na Shalla-Ball, uma banda feminina de reggae. Três anos depois, com 19 anos, excursionou com a banda jamaicana Black Uhuru. Em seguida, fez parte do grupo de ritmos regionais Mafuá. Neste período, ainda dividia seu tempo entre as carreiras de jogadora de basquete e de modelo.



Vida adulta e começo da fama

Em 1997, com 21 anos, conheceu Chico César: com ele, compôs "A força que nunca seca". A música foi gravada por Maria Bethânia, que a colocou como título de seu disco de 1999. A gravação concorreu ao Grammy Latino e também foi gravada no CD de Chico, "Mama Mundi". O Brasil descobria uma grande compositora. Bethânia voltou a gravar Vanessa: "O Canto de Dona Sinhá" esteve no CD Maricotinha – com participação de Caetano Veloso - e em sua versão ao vivo. Já "Viagem" foi gravada por Daniela Mercury em Sol da Liberdade. Com Ana Carolina compôs "Me Sento na Rua", do CD Ana Rita Joana Iracema e Carolina (2001).

A voz e a presença de Vanessa começavam também a chamar atenção. Fez participações em shows de Milton Nascimento, Bethânia e nas últimas apresentações de Baden Powell: estava pronta para estrear em carreira solo.



Sucesso comercial

Em 2002, aos 26 anos, Vanessa lançou seu primeiro CD, Vanessa da Mata, pela Sony – que teve produção conjunta de Liminha, Jaques Morelenbaum, Luiz Brasil, Dadi e Kassin. Entre os sucessos deste disco estão "Nossa Canção" (trilha sonora da novela Celebridade), "Não me Deixe só" - que estourou nas pistas com remix de Ramilson Maia - e "Onde Ir" (trilha da novela Esperança).

O segundo disco, Essa Boneca Tem Manual, foi lançado em 2004 pela Sony e teve produção de Liminha, com quem também dividiu as composições. Além de suas próprias canções – como "Ai, Ai, Ai..." (tema da novela Belíssima, "Ainda Bem" (tema da novela Pé na Jaca) e "Não Chore, Homem" - Vanessa regravou "Eu Sou Neguinha" de Caetano Veloso (versão que integrou a trilha da novela A Lua me Disse) e "História de Uma Gata" de Saltimbancos de Chico Buarque. Com "Ai, Ai, Ai...", música nacional mais executada nas rádios em 2006 e "Música", o álbum chegou a Disco de Platina.



Sim, o terceiro disco, lançado em 28 de maio de 2007, foi produzido por Mario Caldato e Kassin. O álbum foi gravado entre a Jamaica e o Brasil. Das 13 faixas, cinco têm a participação de Sly & Robbie, dois ícones da música jamaicana. Sim é definido, pelo seu título, como "uma resposta positiva à vida, uma resposta de luta". E conta com participações de Ben Harper, João Donato, Wilson das Neves, Don Chacal e um time da nova geração da música brasileira, como o baterista Pupillo (Nação Zumbi) e os guitarristas Fernando Catatau (Cidadão Instigado), Pedro Sá e Davi Moraes, entre outros.

O ano de 2007 também foi marcado pela união de Vanessa e o cantor internacional Ben Harper, com o lançamento de Boa Sorte/Good Luck, que foi um dos grandes sucessos da cantora, alcançando a #1 posição no Hot 100 Brasil. A música foi lançada, a princípio nas rádios, com sua versão original e depois com sua versão Remix, que garantiu a autenticidade da cantora. Em 2008, a música Amado, do mesmo álbum, é o tema principal da nova novela da Rede Globo, A Favorita e alcança outro número #1 no Hot 100 Brasil.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Skank


O Skank nasceu em 1991, em Belo Horizonte, capital das Minas Gerais, que deu orgulho ao Brasil de ter alçado ao mundo nomes como Milton Nascimento, Sepultura e tantos outros. Samuel Rosa (guitarra e voz), Henrique Portugal (teclados), Lelo Zaneti (baixo) e Haroldo Ferreti (bateria) reuniram-se em torno do mesmo interesse: transportar o clima do dancehall jamaicano para a tradição pop brasileira. O primeiro álbum , “Skank”, foi lançado de forma independente, em 1993, mas rapidamente o sucesso da banda na cena underground despertou o interesse da poderosa Sony Music. Junto ao Skank, a multinacional inaugurou no Brasil o selo Chaos.

Lançado em 1994, o segundo disco do Skank foi o trampolim para o estrelato: foram vendidas mais de 1 milhão de cópias de “Calango” e músicas como “Jackie Tequila” e “Te Ver” tornaram-se verdadeiros hits, cantados por todo o país. O álbum abriu as portas para uma nova geração de bandas brasileiras atenta às novidades do rock mundial e, ao mesmo tempo, curiosa com as raízes da tradição local.
O disco seguinte foi ainda mais longe (tanto em sua missão de fusão, quanto em seu sucesso comercial): “O Samba Poconé” levou o grupo a se apresentar na França, Estados Unidos, Chile, Argentina, Suíça, Portugal, Espanha, Itália e Alemanha, em shows próprios ou em festivais ao lado de bandas como Echo & The Bunnymen, Black Sabbath e Rage Against The Machine. O single “Garota Nacional” foi um sucesso monstruoso no Brasil e liderou a parada espanhola (em sua versão original, em português) por inacreditáveis três meses. Essa canção foi o único exemplar da música brasileira a integrar a caixa “Soundtrack for a Century”, lançada para comemorar os 100 anos da Sony Music. Os discos da banda ganharam edições norte-americanas, italianas, japonesas, francesas e em diversos países ao redor do mundo.

Enquanto “O Samba Poconé” chegava a quase 2 milhões de cópias vendidas no Brasil, o Skank foi convidado a representar seu país em “Allez! Ola! Olé!”, disco oficial da Copa do Mundo de Futebol de 1998. Inquietos artisticamente, o quarteto não se acomodou com o êxito. Sua música passou a equalizar as origens eletrônicas com novas influências psicodélicas e acústicas, reveladas nos álbuns “Siderado” (mais introspectivo e maduro) e “Maquinarama” (mais colorido e lisérgico).


Ana Carolina


Ana Carolina, nasceu em Juiz de Fora, cidade do interior de Minas Gerais; teve influências de seus tios-avôs, compositores, violinistas e percussionistas, e de sua avó, cantora de rádio. Cresceu ouvindo alguns grandes ícones da música brasileira como João Bosco, Maria Bethânia, Chico Buarque e também alguns dos grandes nomes internacionais como Nina Simone, Björk e Alanis Morissette.

Ana conquistou seu espaço em Juiz de Fora tocando em bares, e determinada a fazer sucesso com a música, Carolina abandona a faculdade de letras e muda-se para o Rio de Janeiro para se aprensentar em lugares maiores. Durante uma de suas apresentações, Ana Carolina chamou a atenção de Lúciana de Moraes, filha de Vinícios de Moraes, que maravilhou-se com sua voz e estilo musical, e então apostou em sua carreira ajudando-a.


No ano de 1998, lançou seu primeiro CD juntamente com a gravadora BMG, intitulado "Ana Carolina", nele continha a música "Garganta" que emplacou em todo o país. Este disco também se destacou pela música "Armazém", pois possuia um arranjo de Ana baseado em seu pandeiro,  que ouvindo o disco "Olho de Peixe" de Lenine e Suzano, aprendeu a tocar. E por intermédio deste CD que a cantora foi indicada ao Grammy Latino e conheceu um dos responsáveis pelo seu estilo músical, Chico Buarque. E posteriormente, veio a convidá-la a participar do seu Song Book.

Lançado em 2001, seu segundo álbum,"Ana Rita Joana Iracema e Carolina", fez o maior sucesso. Nele é possível sentir toda a sensibilidade e a irreverência da cantora, que ficam evidentes nas músicas "Quem de nós dois" e "Ela é samba". Neste disco também se encontram a participação de Alcione na canção "Voz de violão" e Maria Bethânia em "Dadivosa".

Em 2003, a cantora lança seu terceiro disco, "Estampado", destacado pela parceria de Ana Carolina em suas composições com grandes nomes da música brasileira como Seu Jorge, Vitor Ramil e Chico César. Esse é composto por 15 faixas, dentre elas se destacam a música "Elevador", tendo os seus refrões cantados nos shows, e "Encostar na sua" que estourou nas paradas das rádios.

No ano de 2004, foi lançado um CD e DVD, de um show da cantora com o cantor Seu Jorge, intitulado "Ana e Jorge". Nele encontra-se a música "É isso aí" que conquistou o primeiro lugar nas paradas de sucesso. Seu quarto disco "Perfil", lançado em 2005, reúne todas as músicas de sucesso dos álbuns anteriores. Com canções da cantora que marcaram época, esse CD foi um dos mais vendidos de 2007.

Em 2006, a cantora lança seu quinto álbum, "Dois Quartos", este é um CD duplo. O primeiro intitulado de "Quarto" e o segundo "Quartinho"; estes discos possui toda a criatividade, maturidade e um toque de ousadia, a cantora explora toda a sensualidade das mulheres e fala de desejos proibidos.

Barão Vermelho

O Barão Vermelho nasceu em 1981, no Rio de Janeiro, a partir da vontade de Roberto Frejat, Guto Goffi, Dé Palmeira e Maurício Barros de tocar rock’n roll em estado puro. Mas só no ano seguinte, os quatro integrantes encontrariam o vocalista Cazuza e gravariam o primeiro LP, "Barão Vermelho", pela Som Livre, fazendo alguns shows apenas no Rio e em São Paulo. Depois do lançamento do disco "2", que inclui a faixa "Pro Dia Nascer Feliz", vem o sucesso nacional em 1984 com "Beth Balanço", da trilha sonora do filme de mesmo nome e presente no terceiro disco do grupo, "Maior Abandonado". Em janeiro de 1985 participam do festival Rock In Rio e em junho é anunciada a saída do vocalista Cazuza, que parte para carreira solo, e a entrada de Fernando Magalhães e Peninha.

Frejat passa a ser vocalista e o Barão Vermelho assina contrato com a Warner.  Em 1988 lançam o sexto álbum “Carnaval”, que tem a faixa “Pense e Dance” incluída na trilha sonora da novela Vale Tudo, de Gilberto Braga.  Sucesso absoluto, o Barão fecha o ano fazendo o show de abertura da turnê de Rod Stewart no Brasil.  Em 1989, com a popularidade em alta, a banda grava seu sétimo disco, “Barão ao Vivo”, na Dama Xoc, em São Paulo.
Em 1990, o Barão Vermelho participa do Hollywood Rock e é considerado o melhor grupo nacional do festival. No mesmo ano, o baixista Dé é substituído por Dadi, ex-integrante dos Novos Baianos e do A Cor do Som. A banda grava o oitavo disco, “Na Calada da Noite”, escolhido em 1991, por unanimidade de público e crítica da revista Bizz, como o melhor Disco do Ano. Todos os integrantes da banda são apontados, em suas respectivas categorias, os melhores de 90, incluindo Peninha, Fernando Magalhães e Dadi. Em julho, o Barão Vermelho recebe o prêmio Sharp de melhor grupo de rock de 1990. O baixista Dadi é substituído por Rodrigo Santos, que está no grupo até hoje.
Com mais de uma década de estrada, o Barão Vermelho é eleito mais uma vez pelo público e crítica como o melhor grupo do Hollywood Rock 92. No mesmo ano, recebeu o segundo Prêmio Sharp, como melhor banda de rock. Lançado em dezembro de 1999, “Balada MTV – Barão Vermelho” é uma retrospectiva eletro-acústica do grupo, com os melhores momentos da carreira, em novos arranjos. Gravado ao vivo, o CD inclui ainda a inédita "Enquanto Ela Não Chegar" e regravações de Raul Seixas, Cazuza e Legião Urbana.

Em 2001, depois de mais uma apresentação surpreendente no Rock in Rio 3 – Por um Mundo Melhor, o Barão Vermelho faz uma pausa para seus integrantes desenvolverem projetos paralelos.
Em 2004 eles lançaram “Barão Vermelho”, que mostra o puro rock’n roll do início de carreira, com hits como ‘Cuidado’ e ‘A chave da porta da frente’, já estourada nas rádios de todo o Brasil, além de ‘Embriague-se’, ‘Cara a Cara’, “Cigarro aceso no braço” e “Para toda vida”, entre outras.  O CD marca o último trabalho do produtor Tom Capone com a banda.

Ao todo são 23 anos de carreira e 15 CDs, que mantém o Barão Vermelho como uma das principais grifes do Rock Brasil. "Declare Guerra", "Por Que A Gente É Assim", "Quem Me Olha Só", "Pense e Dance", "Torre de Babel", “Billy Negão”, “Por você”, "O Poeta Está Vivo", "Supermercados da Vida", "Malandragem Dá um Tempo" e "Puro Êxtase" são alguns dos hits inesquecíveis que agregam diferentes gerações nos shows da banda pelo Brasil. 

Atualmente a formação do Barão Vermelho é composta por Roberto Frejat (guitarra e voz), Fernando Magalhães (guitarra), Rodrigo Santos (baixo), Guto Goffi (bateria) e Peninha (percussão). Nos shows contam com a participação especial de Maurício Barros (teclados).
Em agosto de 2005, o Barão Vermelho subiu ao palco do reformulado Circo Voador para gravar o seu primeiro DVD, dentro do projeto MTV ao Vivo. Joana Mazzucchelli cuidou da direção de imagens, enquanto coube à Ezequiel Neves a direção musical também para o CD.  O DVD reproduz a euforia e o entusiasmo dos fãs em ver o grupo em seu melhor momento de carreira, prestes a completar ¼ de século de estrada. No repertório do CD e DVD estão clássicos do grupo, além da única música inédita, “Nosso Mundo”, composição de Guto Goffi e Maurício Barros.
O elemento surpresa do Barão MTV ao Vivo fica por conta da dobradinha virtual, entre Cazuza e Frejat – este interpretando pela primeira vez - na canção “Codinome Beija-Flor”, de Cazuza e Ezequiel Neves, escolhida como música de trabalho deste novo CD.

http://www.youtube.com/watch?v=zMxEyt5pdBk

http://www.youtube.com/watch?v=UUGIpbEU020&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=-IjQ3zaO57c&feature=related

Zélia Duncan

Quando parei pra pensar de onde eu vim, me veio à cabeça aquele livrinho que atormenta um pouco nossa pré-adolescência, aquele com uma cegonha desenhada, ela tem um ar orgulhoso e carrega no bico uma trouxa gordinha. Logo abaixo se lê aquela pergunta fatal, em letras garrafais: DE ONDE VÊM OS BEBÊS? Acho que a cegonha que me trouxe, certamente reclamava do excesso de peso, pois éramos eu, um CD player e um violão.
Nasci em Niterói no dia 28 de outubro de 1964, onde vivi até os seis anos de idade. Em 1971, eu e minha família nos mudamos para Brasília, onde passei os dezesseis anos seguintes. Comecei a cantar profissionalmente em 1981, na saudosa Sala Funarte, que na época abria concorrência para que artistas novos se apresentassem. Mandei uma fita caseira, que me rendeu um primeiro lugar e uma opção de vida definitiva. Nunca mais parei desde então.

A abertura do show era com uma música do Milton Nascimento, chamada "Fazenda" e o repertório se desfolhava por aí. O show teve uma repercussão muito boa pra mim naquela época, comecei a trabalhar em vários espaços e através da mesma Funarte, me apresentava ao lado de artistas que vinham de fora, até que, após abrir um show de Luis Melodia, no Teatro Nacional de Brasília, fui selecionada para representar Brasília no projeto Pixinguinha, no elenco de Wagner Tiso e Cida Moreyra. Viajamos por sete cidades e eu pude, pela primeira vez, cantar fora de Brasília para pessoas que eu nem sonhava em conhecer. Minha carreira "candanga" começava a querer se expandir um pouco. Brasília, além de me proporcionar um certo surrealismo no seu dia-a-dia de cidade pretensiosamente planejada, me deu oportunidade de realizar trabalhos extremamente profissionais, com músicos especialmente sensíveis, com que aprendi e apurei os ouvidos!
Aos  22 anos encontrei o caminho de volta para o Rio. Comigo vieram meu amado fusquinha branco (roubado um ano depois), uma relativa experiência e uma vontade imensa de cantar. Cursei a CAL (Casa das Artes de Laranjeiras) por um ano e meio, paralelamente montei meu primeiro show por aqui, a formação era interessante, guitarra, baixo acústico e clarinete. O repertório começava a mudar também, era algo entre Itamar Assumpção, Caetano Veloso, Beatles, Police e umas inéditas de outras pessoas. Descobri o prazer de cantar em inglês e procurar músicas brasileiras mais inusitadas, que não tivessem interpretações muito óbvias, e isso me deu uma liberdade essencial.
No final de 1989, conhecia a diretora de teatro Ticiana Studart, que estava então chegando de Nova Iorque com idéias que vinham ao encontro dos meus planos de fazer algo mais arrojado e irreverente. Os recursos eram caóticos e as idéias jorravam mais a cada dia. Muito bem, produzir é um caos, os espaços são um caos, a violência é um caos, o isolamento cultural é um caos, já tínhamos o repertório e o nome do show: "Zélia Cristina no caos"!! Conseguimos tudo, figurinista, iluminador, técnico de som, banda maquiador e público!!!

Embora ainda correndo à margem da grande mídia, sem críticos ou chamadas na TV, o resultado foi muito recompensador. Da Laura Alvim fomos para o Mistura Fina, ambos com lotações esgotadas, e tive a visita de alguém do Estúdio Eldorado, que me convidou para, enfim, gravar um disco. Pouparei os detalhes desta etapa, o mais relevante é que, com um disco que era 30% do que se poderia fazer, tive duas indicações para o prêmio Sharp, como revelação e melhor cantora pop-rock e o prazer de dividir uma faixa com Luís Melodia. Mas o show continuava sendo a parte que melhor me retratava e, com a ajuda da Eldorado e de uma empresária, cantei em São Paulo (Crownie Plaza), Porto Alegre, Florianópolis, Brasília e Teatro Ipanema. Participei de vários programas de TV, acho que os mais interessantes foram: Jô Onze e Meia, Programa Livre, que na época não passava no Rio, Vídeo-Show e Metrópolis. Foi um ano intenso e estimulante por um lado, mas por outro, o disco estava longe de se parecer comigo, não havia continuidade.
Em outubro de 1991, desavisadamente, atendi a um telefonema que mudou minha vida para sempre. Alguém me chamava para cumprir um contrato de três meses nos Emirados árabes: O QUE??? EMIRADOS áRABES??? Duas semanas depois, em meio aos bombardeios pessoais que me atingiam, eu pousava no Oriente Médio. Da janela do avião só se via areia, areia, e eu me perguntava, será que os camelos apreciam boa música? Bem, os três meses viraram cinco, cinco meses de desafio e prazer absoluto de estar fora, na maioria das vezes, cantando para pessoas que não entendiam uma palavra do que eu dizia. Eram árabes, europeus, australianos, meu Deus, então essa gente existe mesmo? Foram meses fundamentais pra mim, como uma fase de crescimento, onde tudo é aproveitado.

Fazíamos shows diariamente, minha única preocupação era deixar clara a força que nossa música tem. Durante o dia, era hora de esticar os olhos e ouvidos, uma espécie de estado de alerta, a qualquer momento um daqueles tapetes persas poderia sair voando, e eu, é claro, estaria bem em cima dele! Importei meu violão folk (finalmente!) e, além de ficar ouvindo os sons orientais, me encontrava também com influências super cultivadas, como Joni Mitchell, Joan Armatrading, Sam Cooke, Ry Cooder e Peter Gabriel. Escrevia o tempo todo e passei a mandar letras para meus parceiros, "O Meu Lugar", por exemplo, foi escrita em Abu Dhabi.
A viagem reforçou minha personalidade em todos os sentidos, como separar a experiência artística da experiência pessoal? Voltei para casa em maio de 1992, e sabia que não era a mesma, não queria interferência nem falsos parâmetros, só pensava em retomar o trabalho, fazer um som mais acústico e, finalmente, cantar mais músicas minhas. Mais uma banda montada, fiz uma temporada no Torre de Babel que acabou se estendendo mais do que eu imaginava e me deu um presente, uma recompensa, a presença de Guto Graça Mello, que eu só conhecia de nome e de tanto as pessoas sussurrarem no meu ouvido, "Guto Graça Mello tá aí!" Que bom, Guto estava lá e me levou com ele. Começamos a gravar sem compromissos, ele me soltou no estúdio e eu me sentia carinhosamente observada.
Num belo dia de chuva, fui convidada por Almir Chediak a gravar uma faixa do Songbook de Dorival Caymmi, com Marco Pereira, no estúdio Sinth. Era um dia especial e eu estava muito feliz. Quando saí do aquário, Almir se voltou para mim e perguntou: "Você conhece Beth Araújo, da Warner?". Eu disse: "Não, muito prazer". Resposta: "Prazer, você já tem gravadora?". Era uma maneira tão direta que chegava a ser desconcertante para mim. Bem, as coisas foram se encaixando de maneira surpreendente e tranquila. Batalhei pela sorte e ela mostrou a cara, acho que já era tempo.

http://www.youtube.com/watch?v=3CnsxMSPeEc&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=jvrC3mWQHb8&feature=related

domingo, 28 de novembro de 2010

Paralamas do Sucesso


 A história de uma grande banda costuma ter o espírito de sua própria época. Ao mesmo tempo em que torna palpável algo que parecia estar no ar, também nos ajuda a ter mais clareza do que estava escondido nas entrelinhas do cotidiano. Se os meninos que começaram a fazer rock no Brasil na década de 80 tiveram o mérito de ser reconhecidos como uma geração relevante da música brasileira, os Paralamas do Sucesso têm um crédito nisso aí.

Põe na conta deles, por exemplo, a generosidade de apresentar as “bandas dos amigos” seja em entrevistas, em covers nos shows, ou em qualquer oportunidade que houvesse. Da primeira entrevista na Rádio Fluminense até o palco do Rock In Rio, de anônimos eles passaram a promessa. Vital e sua moto se transformou em um dos primeiros hits daquela geração e lhes rendeu o convite para gravar um disco profissional, como faziam as bandas que eles adoravam. A mudança de conceito não mudou o espírito e a generosidade. Carregando a reboque sua turma, foram os primeiros a gravar uma música de Renato Russo e fizeram Brasília entrar no circuito até então dominado por cariocas, ajudando a redefinir fronteiras.

Aliás, falando em Rock In Rio, também está na conta deles boa parte do sucesso das bandas nacionais naquele evento que foi a primeira grande experiência do show business brasileiro. Dali pra frente, os palcos melhoraram, as turnês cresceram, as rádios deram espaço e a TV se abriu a toda uma nova cultura jovem forte e representativa que emergia. Aquele grupo de artistas relevantes era a prova disso. Havia um novo país nascendo e a trilha sonora era a dessa rapaziada. Depois do bom lançamento de "Cinema Mudo", da série de hits e sucessos que vieram a reboque de "O Passo do Lui" e da apresentação histórica no Rock In Rio, veio "Selvagem?". E aí, a conta cresceu muito.

http://www.youtube.com/watch?v=cJfuDcDL22g&feature=fvsr

http://www.youtube.com/watch?v=3aQeXlO6t94&feature=related

Cássia Eller




Cássia Eller nasceu no Rio de Janeiro RJ em 10 de Dezembro de 1962. Residiu em Santarém PA, Belo Horizonte MG e Brasília DF. Tocando violão desde os 18 anos, chegou também a cantar opera e frevo e a tocar surdo em grupo de samba. Voltando ao Rio de Janeiro em 1990, foi contratada no mesmo ano pela Polygram. Seu primeiro disco, Cássia Eller, de 1990, incluiu regravações de Rubens (Premeditando o Breque), deu pra sentir (Itamar Assumpção), Qualquer dia (Legião Urbana) e um arranjo reggae para Eleanor Rigby (Beatles).
O segundo, Marginal, trouxe ECT (Marisa Monte, Carlinhos Brown e Nando Reis). No terceiro disco, Cássia Eller, gravou uma versão de Malandragem (Frejat e Cazuza), muito tocada nas rádios. Em 1996 lançou Ao vivo, gravado nas apresentações carioca e paulista do show Violões. Em Veneno antimonotonia (1997), traz somente composições de Cazuza.
Impôs-se por seu estilo enérgico de interpretação, principalmente em razão de seu timbre vocal de contralto -  uma das mais marcantes vozes da nova MPB.
Faleceu no Rio de Janeiro em 29 de dezembro de 2001, aos 39 anos de idade.



 

Cazuza



No início dos anos 80, um garoto dourado do sol de Ipanema surpreendeu o cenário musical brasileiro. À frente de uma banda de rock cheia de garra, começou a dar voz aos impulsos de uma juventude ávida de novidades. Ele, Cazuza, era a grande novidade.

O Brasil saía de um longo ciclo ditatorial e vivia um clima de democracia ainda incipiente, mas suficiente para liberar as energias contidas. Cazuza desempenhou um papel importante nesse processo. E quando as misérias e mazelas nacionais foram se desnudando, ele respondeu sem meias palavras.

A expressão de sua repulsa diante desse quadro só pode ser comparada à coragem com que lutou por sua vida, no enfrentamento público da Aids. Lições de indignação e de dignidade; de como levar a vida na arte e "ser artista no nosso convívio".

No pouco que viveu, Cazuza deixou uma obra para ficar. Bebeu na fonte da tradição viva da MPB para recriar, num português atual e espontâneo, cheio de gírias, e num estilo marcadamente pessoal, a poesia típica do rock. Com justiça, foi chamado de o poeta da sua geração.
Na definição do dicionário, "cazuza" é um vespídeo solitário, de ferroada dolorosa. Deriva daí, provavelmente, o outro significado que o termo tem no Nordeste: o de moleque. Foi por isso que João Araújo, de ascendência nordestina, certo de que sua mulher Lúcia teria um menino, começou a chamá-lo de Cazuza, mesmo antes de seu nascimento. Batizado como Agenor de Miranda Araújo Neto, desde cedo o menino preferiu o apelido. O nome ele só viria a aceitar mais tarde, ao saber que Cartola, um dos seus compositores prediletos, também se chamava Agenor.



Nascido a 4 de abril de 1958, no Rio de Janeiro, Cazuza foi criado em Ipanema, habituado à praia. Os pais - ele, divulgador da gravadora Odeon; ela, costureira - não eram ricos mas o matricularam numa escola cara, o colégio Santo Inácio, dos padres jesuítas. Como às vezes tinham que sair à noite, o filho único se apegou à companhia da avó materna, Alice. Quieto e solitário, foi um menino bem-comportado na infância.

Na adolescência, porém, o gênio rebelde do futuro roqueiro se manifestaria. Cazuza terminou o ginásio e o segundo grau a duras penas, e, depois de prestar vestibular para Comunicação, só porque o pai lhe prometera um carro, desistiu do curso em menos de um mês de aula. Já vivia então a boemia no Baixo Leblon e o trinômio sexo, drogas e rock 'n' roll. Que ele amasse Jimi Hendrix, Janis Joplin e os Rolling Stones, tudo bem. Mas vir a saber que se drogava e que era bissexual, isso, para a supermãe Lucinha, não foi nada fácil. Assim como não foi, para o pai, ter que livrá-lo de prisões e fichas na polícia, por porte e uso de drogas.


Nando Reis