segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Skank


O Skank nasceu em 1991, em Belo Horizonte, capital das Minas Gerais, que deu orgulho ao Brasil de ter alçado ao mundo nomes como Milton Nascimento, Sepultura e tantos outros. Samuel Rosa (guitarra e voz), Henrique Portugal (teclados), Lelo Zaneti (baixo) e Haroldo Ferreti (bateria) reuniram-se em torno do mesmo interesse: transportar o clima do dancehall jamaicano para a tradição pop brasileira. O primeiro álbum , “Skank”, foi lançado de forma independente, em 1993, mas rapidamente o sucesso da banda na cena underground despertou o interesse da poderosa Sony Music. Junto ao Skank, a multinacional inaugurou no Brasil o selo Chaos.

Lançado em 1994, o segundo disco do Skank foi o trampolim para o estrelato: foram vendidas mais de 1 milhão de cópias de “Calango” e músicas como “Jackie Tequila” e “Te Ver” tornaram-se verdadeiros hits, cantados por todo o país. O álbum abriu as portas para uma nova geração de bandas brasileiras atenta às novidades do rock mundial e, ao mesmo tempo, curiosa com as raízes da tradição local.
O disco seguinte foi ainda mais longe (tanto em sua missão de fusão, quanto em seu sucesso comercial): “O Samba Poconé” levou o grupo a se apresentar na França, Estados Unidos, Chile, Argentina, Suíça, Portugal, Espanha, Itália e Alemanha, em shows próprios ou em festivais ao lado de bandas como Echo & The Bunnymen, Black Sabbath e Rage Against The Machine. O single “Garota Nacional” foi um sucesso monstruoso no Brasil e liderou a parada espanhola (em sua versão original, em português) por inacreditáveis três meses. Essa canção foi o único exemplar da música brasileira a integrar a caixa “Soundtrack for a Century”, lançada para comemorar os 100 anos da Sony Music. Os discos da banda ganharam edições norte-americanas, italianas, japonesas, francesas e em diversos países ao redor do mundo.

Enquanto “O Samba Poconé” chegava a quase 2 milhões de cópias vendidas no Brasil, o Skank foi convidado a representar seu país em “Allez! Ola! Olé!”, disco oficial da Copa do Mundo de Futebol de 1998. Inquietos artisticamente, o quarteto não se acomodou com o êxito. Sua música passou a equalizar as origens eletrônicas com novas influências psicodélicas e acústicas, reveladas nos álbuns “Siderado” (mais introspectivo e maduro) e “Maquinarama” (mais colorido e lisérgico).


Ana Carolina


Ana Carolina, nasceu em Juiz de Fora, cidade do interior de Minas Gerais; teve influências de seus tios-avôs, compositores, violinistas e percussionistas, e de sua avó, cantora de rádio. Cresceu ouvindo alguns grandes ícones da música brasileira como João Bosco, Maria Bethânia, Chico Buarque e também alguns dos grandes nomes internacionais como Nina Simone, Björk e Alanis Morissette.

Ana conquistou seu espaço em Juiz de Fora tocando em bares, e determinada a fazer sucesso com a música, Carolina abandona a faculdade de letras e muda-se para o Rio de Janeiro para se aprensentar em lugares maiores. Durante uma de suas apresentações, Ana Carolina chamou a atenção de Lúciana de Moraes, filha de Vinícios de Moraes, que maravilhou-se com sua voz e estilo musical, e então apostou em sua carreira ajudando-a.


No ano de 1998, lançou seu primeiro CD juntamente com a gravadora BMG, intitulado "Ana Carolina", nele continha a música "Garganta" que emplacou em todo o país. Este disco também se destacou pela música "Armazém", pois possuia um arranjo de Ana baseado em seu pandeiro,  que ouvindo o disco "Olho de Peixe" de Lenine e Suzano, aprendeu a tocar. E por intermédio deste CD que a cantora foi indicada ao Grammy Latino e conheceu um dos responsáveis pelo seu estilo músical, Chico Buarque. E posteriormente, veio a convidá-la a participar do seu Song Book.

Lançado em 2001, seu segundo álbum,"Ana Rita Joana Iracema e Carolina", fez o maior sucesso. Nele é possível sentir toda a sensibilidade e a irreverência da cantora, que ficam evidentes nas músicas "Quem de nós dois" e "Ela é samba". Neste disco também se encontram a participação de Alcione na canção "Voz de violão" e Maria Bethânia em "Dadivosa".

Em 2003, a cantora lança seu terceiro disco, "Estampado", destacado pela parceria de Ana Carolina em suas composições com grandes nomes da música brasileira como Seu Jorge, Vitor Ramil e Chico César. Esse é composto por 15 faixas, dentre elas se destacam a música "Elevador", tendo os seus refrões cantados nos shows, e "Encostar na sua" que estourou nas paradas das rádios.

No ano de 2004, foi lançado um CD e DVD, de um show da cantora com o cantor Seu Jorge, intitulado "Ana e Jorge". Nele encontra-se a música "É isso aí" que conquistou o primeiro lugar nas paradas de sucesso. Seu quarto disco "Perfil", lançado em 2005, reúne todas as músicas de sucesso dos álbuns anteriores. Com canções da cantora que marcaram época, esse CD foi um dos mais vendidos de 2007.

Em 2006, a cantora lança seu quinto álbum, "Dois Quartos", este é um CD duplo. O primeiro intitulado de "Quarto" e o segundo "Quartinho"; estes discos possui toda a criatividade, maturidade e um toque de ousadia, a cantora explora toda a sensualidade das mulheres e fala de desejos proibidos.

Barão Vermelho

O Barão Vermelho nasceu em 1981, no Rio de Janeiro, a partir da vontade de Roberto Frejat, Guto Goffi, Dé Palmeira e Maurício Barros de tocar rock’n roll em estado puro. Mas só no ano seguinte, os quatro integrantes encontrariam o vocalista Cazuza e gravariam o primeiro LP, "Barão Vermelho", pela Som Livre, fazendo alguns shows apenas no Rio e em São Paulo. Depois do lançamento do disco "2", que inclui a faixa "Pro Dia Nascer Feliz", vem o sucesso nacional em 1984 com "Beth Balanço", da trilha sonora do filme de mesmo nome e presente no terceiro disco do grupo, "Maior Abandonado". Em janeiro de 1985 participam do festival Rock In Rio e em junho é anunciada a saída do vocalista Cazuza, que parte para carreira solo, e a entrada de Fernando Magalhães e Peninha.

Frejat passa a ser vocalista e o Barão Vermelho assina contrato com a Warner.  Em 1988 lançam o sexto álbum “Carnaval”, que tem a faixa “Pense e Dance” incluída na trilha sonora da novela Vale Tudo, de Gilberto Braga.  Sucesso absoluto, o Barão fecha o ano fazendo o show de abertura da turnê de Rod Stewart no Brasil.  Em 1989, com a popularidade em alta, a banda grava seu sétimo disco, “Barão ao Vivo”, na Dama Xoc, em São Paulo.
Em 1990, o Barão Vermelho participa do Hollywood Rock e é considerado o melhor grupo nacional do festival. No mesmo ano, o baixista Dé é substituído por Dadi, ex-integrante dos Novos Baianos e do A Cor do Som. A banda grava o oitavo disco, “Na Calada da Noite”, escolhido em 1991, por unanimidade de público e crítica da revista Bizz, como o melhor Disco do Ano. Todos os integrantes da banda são apontados, em suas respectivas categorias, os melhores de 90, incluindo Peninha, Fernando Magalhães e Dadi. Em julho, o Barão Vermelho recebe o prêmio Sharp de melhor grupo de rock de 1990. O baixista Dadi é substituído por Rodrigo Santos, que está no grupo até hoje.
Com mais de uma década de estrada, o Barão Vermelho é eleito mais uma vez pelo público e crítica como o melhor grupo do Hollywood Rock 92. No mesmo ano, recebeu o segundo Prêmio Sharp, como melhor banda de rock. Lançado em dezembro de 1999, “Balada MTV – Barão Vermelho” é uma retrospectiva eletro-acústica do grupo, com os melhores momentos da carreira, em novos arranjos. Gravado ao vivo, o CD inclui ainda a inédita "Enquanto Ela Não Chegar" e regravações de Raul Seixas, Cazuza e Legião Urbana.

Em 2001, depois de mais uma apresentação surpreendente no Rock in Rio 3 – Por um Mundo Melhor, o Barão Vermelho faz uma pausa para seus integrantes desenvolverem projetos paralelos.
Em 2004 eles lançaram “Barão Vermelho”, que mostra o puro rock’n roll do início de carreira, com hits como ‘Cuidado’ e ‘A chave da porta da frente’, já estourada nas rádios de todo o Brasil, além de ‘Embriague-se’, ‘Cara a Cara’, “Cigarro aceso no braço” e “Para toda vida”, entre outras.  O CD marca o último trabalho do produtor Tom Capone com a banda.

Ao todo são 23 anos de carreira e 15 CDs, que mantém o Barão Vermelho como uma das principais grifes do Rock Brasil. "Declare Guerra", "Por Que A Gente É Assim", "Quem Me Olha Só", "Pense e Dance", "Torre de Babel", “Billy Negão”, “Por você”, "O Poeta Está Vivo", "Supermercados da Vida", "Malandragem Dá um Tempo" e "Puro Êxtase" são alguns dos hits inesquecíveis que agregam diferentes gerações nos shows da banda pelo Brasil. 

Atualmente a formação do Barão Vermelho é composta por Roberto Frejat (guitarra e voz), Fernando Magalhães (guitarra), Rodrigo Santos (baixo), Guto Goffi (bateria) e Peninha (percussão). Nos shows contam com a participação especial de Maurício Barros (teclados).
Em agosto de 2005, o Barão Vermelho subiu ao palco do reformulado Circo Voador para gravar o seu primeiro DVD, dentro do projeto MTV ao Vivo. Joana Mazzucchelli cuidou da direção de imagens, enquanto coube à Ezequiel Neves a direção musical também para o CD.  O DVD reproduz a euforia e o entusiasmo dos fãs em ver o grupo em seu melhor momento de carreira, prestes a completar ¼ de século de estrada. No repertório do CD e DVD estão clássicos do grupo, além da única música inédita, “Nosso Mundo”, composição de Guto Goffi e Maurício Barros.
O elemento surpresa do Barão MTV ao Vivo fica por conta da dobradinha virtual, entre Cazuza e Frejat – este interpretando pela primeira vez - na canção “Codinome Beija-Flor”, de Cazuza e Ezequiel Neves, escolhida como música de trabalho deste novo CD.

http://www.youtube.com/watch?v=zMxEyt5pdBk

http://www.youtube.com/watch?v=UUGIpbEU020&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=-IjQ3zaO57c&feature=related

Zélia Duncan

Quando parei pra pensar de onde eu vim, me veio à cabeça aquele livrinho que atormenta um pouco nossa pré-adolescência, aquele com uma cegonha desenhada, ela tem um ar orgulhoso e carrega no bico uma trouxa gordinha. Logo abaixo se lê aquela pergunta fatal, em letras garrafais: DE ONDE VÊM OS BEBÊS? Acho que a cegonha que me trouxe, certamente reclamava do excesso de peso, pois éramos eu, um CD player e um violão.
Nasci em Niterói no dia 28 de outubro de 1964, onde vivi até os seis anos de idade. Em 1971, eu e minha família nos mudamos para Brasília, onde passei os dezesseis anos seguintes. Comecei a cantar profissionalmente em 1981, na saudosa Sala Funarte, que na época abria concorrência para que artistas novos se apresentassem. Mandei uma fita caseira, que me rendeu um primeiro lugar e uma opção de vida definitiva. Nunca mais parei desde então.

A abertura do show era com uma música do Milton Nascimento, chamada "Fazenda" e o repertório se desfolhava por aí. O show teve uma repercussão muito boa pra mim naquela época, comecei a trabalhar em vários espaços e através da mesma Funarte, me apresentava ao lado de artistas que vinham de fora, até que, após abrir um show de Luis Melodia, no Teatro Nacional de Brasília, fui selecionada para representar Brasília no projeto Pixinguinha, no elenco de Wagner Tiso e Cida Moreyra. Viajamos por sete cidades e eu pude, pela primeira vez, cantar fora de Brasília para pessoas que eu nem sonhava em conhecer. Minha carreira "candanga" começava a querer se expandir um pouco. Brasília, além de me proporcionar um certo surrealismo no seu dia-a-dia de cidade pretensiosamente planejada, me deu oportunidade de realizar trabalhos extremamente profissionais, com músicos especialmente sensíveis, com que aprendi e apurei os ouvidos!
Aos  22 anos encontrei o caminho de volta para o Rio. Comigo vieram meu amado fusquinha branco (roubado um ano depois), uma relativa experiência e uma vontade imensa de cantar. Cursei a CAL (Casa das Artes de Laranjeiras) por um ano e meio, paralelamente montei meu primeiro show por aqui, a formação era interessante, guitarra, baixo acústico e clarinete. O repertório começava a mudar também, era algo entre Itamar Assumpção, Caetano Veloso, Beatles, Police e umas inéditas de outras pessoas. Descobri o prazer de cantar em inglês e procurar músicas brasileiras mais inusitadas, que não tivessem interpretações muito óbvias, e isso me deu uma liberdade essencial.
No final de 1989, conhecia a diretora de teatro Ticiana Studart, que estava então chegando de Nova Iorque com idéias que vinham ao encontro dos meus planos de fazer algo mais arrojado e irreverente. Os recursos eram caóticos e as idéias jorravam mais a cada dia. Muito bem, produzir é um caos, os espaços são um caos, a violência é um caos, o isolamento cultural é um caos, já tínhamos o repertório e o nome do show: "Zélia Cristina no caos"!! Conseguimos tudo, figurinista, iluminador, técnico de som, banda maquiador e público!!!

Embora ainda correndo à margem da grande mídia, sem críticos ou chamadas na TV, o resultado foi muito recompensador. Da Laura Alvim fomos para o Mistura Fina, ambos com lotações esgotadas, e tive a visita de alguém do Estúdio Eldorado, que me convidou para, enfim, gravar um disco. Pouparei os detalhes desta etapa, o mais relevante é que, com um disco que era 30% do que se poderia fazer, tive duas indicações para o prêmio Sharp, como revelação e melhor cantora pop-rock e o prazer de dividir uma faixa com Luís Melodia. Mas o show continuava sendo a parte que melhor me retratava e, com a ajuda da Eldorado e de uma empresária, cantei em São Paulo (Crownie Plaza), Porto Alegre, Florianópolis, Brasília e Teatro Ipanema. Participei de vários programas de TV, acho que os mais interessantes foram: Jô Onze e Meia, Programa Livre, que na época não passava no Rio, Vídeo-Show e Metrópolis. Foi um ano intenso e estimulante por um lado, mas por outro, o disco estava longe de se parecer comigo, não havia continuidade.
Em outubro de 1991, desavisadamente, atendi a um telefonema que mudou minha vida para sempre. Alguém me chamava para cumprir um contrato de três meses nos Emirados árabes: O QUE??? EMIRADOS áRABES??? Duas semanas depois, em meio aos bombardeios pessoais que me atingiam, eu pousava no Oriente Médio. Da janela do avião só se via areia, areia, e eu me perguntava, será que os camelos apreciam boa música? Bem, os três meses viraram cinco, cinco meses de desafio e prazer absoluto de estar fora, na maioria das vezes, cantando para pessoas que não entendiam uma palavra do que eu dizia. Eram árabes, europeus, australianos, meu Deus, então essa gente existe mesmo? Foram meses fundamentais pra mim, como uma fase de crescimento, onde tudo é aproveitado.

Fazíamos shows diariamente, minha única preocupação era deixar clara a força que nossa música tem. Durante o dia, era hora de esticar os olhos e ouvidos, uma espécie de estado de alerta, a qualquer momento um daqueles tapetes persas poderia sair voando, e eu, é claro, estaria bem em cima dele! Importei meu violão folk (finalmente!) e, além de ficar ouvindo os sons orientais, me encontrava também com influências super cultivadas, como Joni Mitchell, Joan Armatrading, Sam Cooke, Ry Cooder e Peter Gabriel. Escrevia o tempo todo e passei a mandar letras para meus parceiros, "O Meu Lugar", por exemplo, foi escrita em Abu Dhabi.
A viagem reforçou minha personalidade em todos os sentidos, como separar a experiência artística da experiência pessoal? Voltei para casa em maio de 1992, e sabia que não era a mesma, não queria interferência nem falsos parâmetros, só pensava em retomar o trabalho, fazer um som mais acústico e, finalmente, cantar mais músicas minhas. Mais uma banda montada, fiz uma temporada no Torre de Babel que acabou se estendendo mais do que eu imaginava e me deu um presente, uma recompensa, a presença de Guto Graça Mello, que eu só conhecia de nome e de tanto as pessoas sussurrarem no meu ouvido, "Guto Graça Mello tá aí!" Que bom, Guto estava lá e me levou com ele. Começamos a gravar sem compromissos, ele me soltou no estúdio e eu me sentia carinhosamente observada.
Num belo dia de chuva, fui convidada por Almir Chediak a gravar uma faixa do Songbook de Dorival Caymmi, com Marco Pereira, no estúdio Sinth. Era um dia especial e eu estava muito feliz. Quando saí do aquário, Almir se voltou para mim e perguntou: "Você conhece Beth Araújo, da Warner?". Eu disse: "Não, muito prazer". Resposta: "Prazer, você já tem gravadora?". Era uma maneira tão direta que chegava a ser desconcertante para mim. Bem, as coisas foram se encaixando de maneira surpreendente e tranquila. Batalhei pela sorte e ela mostrou a cara, acho que já era tempo.

http://www.youtube.com/watch?v=3CnsxMSPeEc&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=jvrC3mWQHb8&feature=related

domingo, 28 de novembro de 2010

Paralamas do Sucesso


 A história de uma grande banda costuma ter o espírito de sua própria época. Ao mesmo tempo em que torna palpável algo que parecia estar no ar, também nos ajuda a ter mais clareza do que estava escondido nas entrelinhas do cotidiano. Se os meninos que começaram a fazer rock no Brasil na década de 80 tiveram o mérito de ser reconhecidos como uma geração relevante da música brasileira, os Paralamas do Sucesso têm um crédito nisso aí.

Põe na conta deles, por exemplo, a generosidade de apresentar as “bandas dos amigos” seja em entrevistas, em covers nos shows, ou em qualquer oportunidade que houvesse. Da primeira entrevista na Rádio Fluminense até o palco do Rock In Rio, de anônimos eles passaram a promessa. Vital e sua moto se transformou em um dos primeiros hits daquela geração e lhes rendeu o convite para gravar um disco profissional, como faziam as bandas que eles adoravam. A mudança de conceito não mudou o espírito e a generosidade. Carregando a reboque sua turma, foram os primeiros a gravar uma música de Renato Russo e fizeram Brasília entrar no circuito até então dominado por cariocas, ajudando a redefinir fronteiras.

Aliás, falando em Rock In Rio, também está na conta deles boa parte do sucesso das bandas nacionais naquele evento que foi a primeira grande experiência do show business brasileiro. Dali pra frente, os palcos melhoraram, as turnês cresceram, as rádios deram espaço e a TV se abriu a toda uma nova cultura jovem forte e representativa que emergia. Aquele grupo de artistas relevantes era a prova disso. Havia um novo país nascendo e a trilha sonora era a dessa rapaziada. Depois do bom lançamento de "Cinema Mudo", da série de hits e sucessos que vieram a reboque de "O Passo do Lui" e da apresentação histórica no Rock In Rio, veio "Selvagem?". E aí, a conta cresceu muito.

http://www.youtube.com/watch?v=cJfuDcDL22g&feature=fvsr

http://www.youtube.com/watch?v=3aQeXlO6t94&feature=related

Cássia Eller




Cássia Eller nasceu no Rio de Janeiro RJ em 10 de Dezembro de 1962. Residiu em Santarém PA, Belo Horizonte MG e Brasília DF. Tocando violão desde os 18 anos, chegou também a cantar opera e frevo e a tocar surdo em grupo de samba. Voltando ao Rio de Janeiro em 1990, foi contratada no mesmo ano pela Polygram. Seu primeiro disco, Cássia Eller, de 1990, incluiu regravações de Rubens (Premeditando o Breque), deu pra sentir (Itamar Assumpção), Qualquer dia (Legião Urbana) e um arranjo reggae para Eleanor Rigby (Beatles).
O segundo, Marginal, trouxe ECT (Marisa Monte, Carlinhos Brown e Nando Reis). No terceiro disco, Cássia Eller, gravou uma versão de Malandragem (Frejat e Cazuza), muito tocada nas rádios. Em 1996 lançou Ao vivo, gravado nas apresentações carioca e paulista do show Violões. Em Veneno antimonotonia (1997), traz somente composições de Cazuza.
Impôs-se por seu estilo enérgico de interpretação, principalmente em razão de seu timbre vocal de contralto -  uma das mais marcantes vozes da nova MPB.
Faleceu no Rio de Janeiro em 29 de dezembro de 2001, aos 39 anos de idade.



 

Cazuza



No início dos anos 80, um garoto dourado do sol de Ipanema surpreendeu o cenário musical brasileiro. À frente de uma banda de rock cheia de garra, começou a dar voz aos impulsos de uma juventude ávida de novidades. Ele, Cazuza, era a grande novidade.

O Brasil saía de um longo ciclo ditatorial e vivia um clima de democracia ainda incipiente, mas suficiente para liberar as energias contidas. Cazuza desempenhou um papel importante nesse processo. E quando as misérias e mazelas nacionais foram se desnudando, ele respondeu sem meias palavras.

A expressão de sua repulsa diante desse quadro só pode ser comparada à coragem com que lutou por sua vida, no enfrentamento público da Aids. Lições de indignação e de dignidade; de como levar a vida na arte e "ser artista no nosso convívio".

No pouco que viveu, Cazuza deixou uma obra para ficar. Bebeu na fonte da tradição viva da MPB para recriar, num português atual e espontâneo, cheio de gírias, e num estilo marcadamente pessoal, a poesia típica do rock. Com justiça, foi chamado de o poeta da sua geração.
Na definição do dicionário, "cazuza" é um vespídeo solitário, de ferroada dolorosa. Deriva daí, provavelmente, o outro significado que o termo tem no Nordeste: o de moleque. Foi por isso que João Araújo, de ascendência nordestina, certo de que sua mulher Lúcia teria um menino, começou a chamá-lo de Cazuza, mesmo antes de seu nascimento. Batizado como Agenor de Miranda Araújo Neto, desde cedo o menino preferiu o apelido. O nome ele só viria a aceitar mais tarde, ao saber que Cartola, um dos seus compositores prediletos, também se chamava Agenor.



Nascido a 4 de abril de 1958, no Rio de Janeiro, Cazuza foi criado em Ipanema, habituado à praia. Os pais - ele, divulgador da gravadora Odeon; ela, costureira - não eram ricos mas o matricularam numa escola cara, o colégio Santo Inácio, dos padres jesuítas. Como às vezes tinham que sair à noite, o filho único se apegou à companhia da avó materna, Alice. Quieto e solitário, foi um menino bem-comportado na infância.

Na adolescência, porém, o gênio rebelde do futuro roqueiro se manifestaria. Cazuza terminou o ginásio e o segundo grau a duras penas, e, depois de prestar vestibular para Comunicação, só porque o pai lhe prometera um carro, desistiu do curso em menos de um mês de aula. Já vivia então a boemia no Baixo Leblon e o trinômio sexo, drogas e rock 'n' roll. Que ele amasse Jimi Hendrix, Janis Joplin e os Rolling Stones, tudo bem. Mas vir a saber que se drogava e que era bissexual, isso, para a supermãe Lucinha, não foi nada fácil. Assim como não foi, para o pai, ter que livrá-lo de prisões e fichas na polícia, por porte e uso de drogas.


Nando Reis